quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Tema: Clarividência

Clari(e)vidente

É claro e evidente
O que passa na mente
Sem caso ao acaso
e provoca o ocaso
do justo eminente

É clarievidente
em tudo que impera
e assim persevera
no jogo da mente



Augusto Moreno dos Anjos

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Clara-mente


Claramente,

Tudo é claro
Nada mente
Branco como clara
Ilusoes da mente




Flávia Vendramin

Tema: Mostarda de Arte

Trans-substancial


Substância ânsia
Que flagelo elo
A mostarda tarda

Substância arte
da vertente mente
que dialoga logo
com o presente ente
amargando a parte

a mostarda arde
a mostarda arte



Augusto Moreno dos Anjos

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mostarte

uma nota errante

a idéia, a idéia e a idéia

e a forma, a forma e a forma

e o resto

a faísca grande e pequena

que alimenta o fogo grande apenas

a entrada

o copo entre a mão e o chão

o corpo entre o sim e o não

o topo entre o céu e o grão

fumaça

pele

um quarto sujo e desarrumado

no centro de uma cidade que já viu amores

uma inquilina chata

uma camisa cheia de sangue

o real que dormindo

acorda para o sonho

mil eus e mil vocês

começos e começos

em fins sem fim

noites de ontem

manhãs do amanhã

e a tarde de hoje mesmo

engolir seco e cuspir molhado

fuga corajosa

vício delicioso

mãos e mãos e mãos

caixa secreta de madeira

com um bilhete para o cinema

com uma pena de duas cores

com uma lasca de árvore

três giz de cera pelo meio

e uma carta

a carta

as últimas páginas

de um caderno de ciências pela metade

beira virgem de rio esquecido

trapos e cheiros de alguém

dor e carne fresca

e amar a não poder mais

arte é mostarda

arte é tudo isso com mostarda



Pedro Paulo Baptista de Andrade Jr.


sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Tema: Musa Garrafa

Ode a Boemia


Oh garrafa minha musa

Me sedusa

Me abusa

Me usa

Oh garrafa que entorno

De belo torno

Sem retorno

Só dor de cabeça

Oh garrafa que entorpece

Não me esquece

Me aquece

Me enlouquece

Oh garrafa que vazia

Já de dia

Foi-se a boemia

Fica a ressaca e a asia.


Garrafa musa megera.



Augusto M. dos Anjos


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absolut poema


me usa

me usa

me usa

me usa

me usa

garrafa musa

faz a noite obtusa

dá algum sentido

à cabeça confusa

e depois parafusa

arte e vanguarda

na parede branca

pálida, feia, difusa

vem garrafa musa

não quero a pedra

do olho da medusa

não quero a água

nem a vida reclusa

que acusa e recusa

vem garrafa musa

e nunca me reduza

ao sabor da água

ao amor de mágoa

garrafa, me abusa!



Pedro Paulo Baptista de Andrade Jr.



terça-feira, 21 de outubro de 2008

Tema: Zero também é número

Reflexão da Origem de Nada

Um zero a esquerda

A zero hora

Reflete no marco-zero:

Do zero surge a vida

O zero é a partida

O zero é o começo

O zero é o avesso

O zero não se divide

Não multiplica

Neutraliza e eleva

Tudo elevado a zero é um.



Augusto M. dos Anjos
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pornoema

pra quê dois?

deixa isso pra depois!

e se já foi a vez

do delicioso três

imagine quatro!

nem cabe no quarto!

…bem sabem que brinco

já tive até cinco!

e já pensam vocês

- que nada! foram seis!

(sem contar a Ivete

com ela, são sete)

e se chega no oito

já nem chamo de coito

sede é bom quando chove

que já pede por nove

e quem sabe tu és

o tão esperado...

alias não.

pra quê tantos

numerais assim

aos meus pés?

quero mesmo é o zero

o mero zero

que faz um virar dez



Pedro Paulo Baptista de Andrade Jr.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Tema: entre parenteses e aspas

(“Segredo”)

Entre parênteses e aspas
Vou lhe contar um segredo
Entre parênteses e aspas
Vamos levando a vida
E há de se seguir sem medo
Do contrario será sofrida

Entre parênteses e aspas
Muitos não sabem viver
Esperam sempre outro amanhecer

Entre parênteses e aspas
Isso fica cá entre nós
O alvorecer da vida é agora
Que já se vai sem demora
E do qual pouco sabeis vós

Entre parênteses e aspas
(“tudo um dia acaba”)

Augusto M Anjos
17/05/08
16:46
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(“eu”)


Pedro Paulo de Andrade Jr.

Tema: Onde está o Cinza

Concreto

A fumaça que eu trago
O talher que levo à boca
O grafite que apago
A grana quando é pouca
O tempo no cabelo
Mato quando queima
A cor do cerebelo
Chuva quando teima
A cidade em que eu moro
O jornal ali na banca
A cor que eu adoro
A lua não é branca


Preto e branco é miopia
Cinza é a cura
Preto é tontura
Branco é loucura
Cinza é mistura
Preto é, branco é
Cinza seria

Preto é tinta, branco é borracha
Cinza é grafite


Pedro Paulo Andrade Jr.

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Jogo


Cinza é um mundo onde não existem nuances
Cinza é a vida nesse tabuleiro
Onde a frente ou ao lado é o lance
Não ouse um movimento faceiro

Terno e gravata
Preto no branco
Peça ou peão
Cada um no seu quadrado

Ousado é aquele que anda na linha
Que esquece das regras e as reinventa
Que enxerga o cinza enquanto caminha
Por não ser o peão que assim aparenta

Onde estará o cinza?

Augusto M. Anjos
17/05/08
17:20

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Tema: Sei lá



quanto saber





menos menos menos
menos menos menos
menos menos menos
menos menos menos
menos menos menos
menos menos menos
menos menos menos
menos menos menos menos menos menos menos menos menos
menos menos menos menos menos menos menos menos menos
menos menos menos menos menos menos menos menos menos
menos menos menos menos menos menos menos menos menos
menos menos menos menos menos menos menos menos menos
menos menos menos menos menos menos menos menos menos
menos menos menos
menos menos menos
menos menos menos
menos menos menos
menos menos menos
menos menos menos
menos menos menos






Pedro Paulo Baptista de Andrade Jr.








Silêncio


Eis que o casal discute na cama
- Você me ama?
Eis a resposta fria e derradeira
- De certa maneira

Eis a indignação amada
- Como assim?
Eis a dúvida acanhada
- Sei lá, acredito que sim

Eis enfim
- Sou o que para você?
- ..............

Eis o silêncio, a dor e a solidão acompanhada





Augusto Moreno dos Anjos

07/02/08
00:05

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Tema: Beleza

Pensamentos sobre Atração



A beleza é a porta de entrada
Mas não a chave do coração



Alexandre de Oliveira Neves


Chat Helenístico


Beleza aos olhos de quem vê, beleza?
Belo pra mim, talvez belo pra vc?
Belo sim, Beleza que se vê em todo lugar há de ter.
Td Blz e com vc?

Augusto Moreno dos Anjos

Tema: Por que não?

Pretexto de Felicidade


Uma cidade sem trânsito, onde se pede licença
Uma igreja sem deus, onde não se implora por clemência
Um pais sem júri, onde se é livre com veemência
Por que não?

Uma bicicleta com asas, que voa na imaginação
Uma paixão de solstício, que não precisa de perdão
Um amor sem compromisso, pelo sim e pelo não
Por que não?

Um livro sem um fim, como a vida por escrever
Uma bebedeira de motim, como sem outro dia pra nascer
Um dia sem tempo, como se apenas fosse para viver
Por que não?

Eu e você...
Por que não?



Augusto Moreno dos Anjos

31/01/08 3:50 pm


Resposta

por que não?
ora
porque perder é fácil
e ontem não muda
porque ainda há sangue
e tatuagem não sai
porque cansei da aventura
porque cansei da amargura
e porque tudo configura
a tatuagem que não sai
nunca

por que não?
ora
porque tudo pode virar cimento
porque não sou louco
e porque muito acaba
e poesia é pouco

porque ponto é vírgula
e três pontos, de vez em vez,
podem ser simplesmente
um ponto final vezes três

porque receio o anseio
prevejo o cortejo
porque odeio o meio
e já peço pelo fim
por que não?
por que sim??
...



Pedro Paulo Baptista de Andrade Jr.


terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Tema: Mais que Perfeito

Mais que Perfeito

Mais que perfeitamente pudera sentir
O que outrora estivera por vir
E que tão singelamente pensara estar
Assim tão longe de um dia alcançar

Por ora soubera apenas como sentir
Alegria contida que não pudera definir
Sonhara apenas

Mais que perfeitamente vivera
E viveria a vida numa Sonata em Allegro




Augusto M. dos Anjos


22/01/08
era

naquele dia chovera
e chove agora
você, que outrora
a minha porta impura
por dentro trancara
quando foi embora
trancou por fora

e eu, contra o muro
treinando minha mira
para o olhar que atiro
pela fechadura

vivendo a era do que era
a mera hora do zero
a dura era da ira
da ira que não quero
do choro sem amparo
do meu quarto que gira
do teu sorriso que o decora
e é lá que você mora
e de lá ninguém te tira

mas tua cara já não cora
nenhum poro mais transpira
teu olhar não mais implora
meu olhar não mais respira
ele prefere a mentira
ou a cura (quem me dera)
dessa aura que paira
avara e megera
sem eira nem beira
desse pulo no escuro
dessa voz que me jura
me jura, me enjoa e me fere

e então paro e me deparo
– é claro!, vocifero
na parede tem um furo
uma grande abertura
não tenho medo da altura

posso sair pela janela

Pedro Paulo Baptista de Andrade Jr.
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